O estímulo do pai ao aleitamento materno é o foco da campanha do Agosto Dourado deste ano, promovida pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em parceria com o Ministério da Saúde. A ação visa também estimular o pediatra orientar os homens (pais, maridos, companheiros, amigos) a colaborarem com este processo. Estudos diversos comprovam que esse é um papel importante durante a fase da amamentação, materializando-se na forma de incentivo e de apoio psicológico à mulher e na demonstração de afetividade nos cuidados com o bebê.

“A sociedade costuma delegar ao homem a responsabilidade de ser apenas o provedor financeiro, o que acaba isentando-o de uma participação direta na criação e nos cuidados com os filhos e, consequentemente, da amamentação”, explica o presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP, dr. Luciano Borges Santiago.

CIENTISTAS – Pesquisa realizada em 2015, no Canadá, e publicada na revista científica Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria (AAP), que comprova essa relevância. Os cientistas reuniram 214 casais que teriam filho pela primeira vez e os dividiram em dois grupos: no primeiro, os pais só receberam informações sobre amamentação na maternidade; no segundo, eles estudaram o tema durante um período de seis a 12 semanas antes do parto.

Segundo o trabalho, todos os casais tinham a intenção de continuar a amamentação exclusiva até os seis meses das crianças, mas o segundo grupo, onde os homens fizeram uma imersão sobre o tema, a experiência foi melhor sucedida, com 95% das mães amamentando. Já no outro grupo esse percentual ficou em 88%.

No segundo grupo, as mães relataram estar mais satisfeitas com o apoio do parceiro e os pais mostraram maior nível de confiança. O estudo conclui ainda que quando as mulheres se sentem amparadas pelos maridos, se enxergam como parte de uma equipe e, dessa forma, têm mais chances de manter a amamentação, mesmo quando se sentem exaustas ou inseguras.

“O homem deve conhecer os detalhes da importância de amamentar, assumir tarefas e respeitar o tempo da mulher e seus sentimentos, apoiando a lactação. São partes que compõem um todo e vários estudos têm demonstrado que o apoio do pai é fundamental na amamentação do bebê”, destaca a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva.

Na última semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante o lançamento da Semana Mundial da Amamentação, em Brasília (DF), ressaltou que “o pai é o grande elemento de suporte e deve entender as dificuldades da mulher durante a amamentação. Ao dar apoio à mulher, o pai também está amamentando seu filho neste momento que é determinante na vida do seu filho”.

PAI NO ALEITAMENTO –  Em artigo de revisão publicado na plataforma Scielo, em 2011, pelos drs. Bruna Turaça Silva, Luciano Borges Santiago e Joel Alves Lamounier, é destacado que o conhecimento paterno sobre os benefícios da amamentação para o bebê se mostra vasto e que, somado à influência que ele exerce sobre sua companheira e ao sentimento de proteção para com o bebê, apresenta grande potencial de se tornar um suporte para o aleitamento materno”.

O estudo conclui que o homem tem assumido cada vez mais seu papel de pai, acompanhando a companheira aos serviços de saúde e buscando conhecimento a fim de apoiá-la da melhor forma. Em contrapartida, os profissionais de saúde não têm se capacitado para recebê-los na mesma proporção.

“É por isso que os pediatras têm cada vez mais a importante missão de conversar com os pais durante as consultas de pré-natal e demostrar o papel fundamental que eles têm na amamentação e como eles podem ajudar a mulher nesse período”, observa dr. Luciano.

Segundo destacou, “é preciso que o pai se informe sobre o que é a amamentação e a importância dela para o bebê e para a mãe. Além disso, é preciso que esteja presente na fase inicial do aleitamento e assuma outras responsabilidades, como cuidar dos filhos mais velhos, organizar a casa e cozinhar”.


Fonte: sbp.com.br

Imagem: sbp.com.br