Para o gênero feminino, a Associaçāo Psiquiátrica Americana (APA) unificou questões como desejo e excitação em um único eixo diagnóstico e denomina como transtornos de interesse/excitação sexuais femininos.

As disfunções sexuais femininas representam uma questão importante de saúde pública, do ponto de vista epidemiológico, atingindo 40% da população. Segundo os critérios diagnósticos do DSM-5, a presença de sofrimento está associada aos critérios diagnósticos definidores de uma disfunção sexual, prevalente em 12% das mulheres americanas e 17,6% das brasileiras.

A abordagem médica inclui anamnese completa geral e sexual, exame físico detalhado e tratamento medicamentoso, quando indicado.

Existem várias opções terapêuticas para o tratamento das disfunções sexuais femininas, no entanto a abordagem multiprofissional e multidisciplinar é a mais adequada.

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Nas mulheres diversos estudos já tentaram estabelecer uma relação positiva entre níveis androgênicos e maior disponibilidade aos encontros sexuais, com maior frequência masturbatória, desejo e excitação.

A aplicação tópica de testosterona vaginal se mostrou eficaz para aumentar a espessura da mucosa e, consequentemente, reduzir a dispareunia. O undecanoato de testosterona (por via oral) adicionado à terapia hormonal convencional pós-menopausa, segundo estudo tailandês, melhorou significativamente a qualidade de vida das mulheres nessa fase e a testosterona transdérmica foi eficaz na melhora de distúrbios de desejo sexual hipoativo, segundo revisão recente.

Revisões sistemáticas recentes sobre o assunto esclarecem que:

  • A aplicação de testosterona transdérmica é efetiva no tratamento da diminuição de desejo sexual de mulheres pós-menopausa (grau de evidência A), bem como para mulheres nos últimos anos do menacme (grau de evidência B)  
  • O uso de testosterona transdérmica por período curto (até 3 anos) é seguro. Há necessidade de estudos bem conduzidos sobre reposição de testosterona em pacientes com falência ovariana prematura;
  • A resposta terapêutica no emprego da testosterona em mulheres com reduçāo do desejo sexual pode ocorrer após semanas de uso da mesma (grau de evidência A);
  • Caso nāo haja resposta terapêutica em até seis meses, o uso da testosterona deve ser descontinuado (grau de evidência A) (Buster, 2013; Davis et al., 2016; Schifren & Davis, 2017).

 

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Portanto, é importante ressaltar que:

1-  Ainda não há respaldo científico que assegure a prescrição de testosterona a longo prazo (superior a seis meses);

2- Há benefício no uso de testosterona transdérmica para o favorecimento da resposta sexual de mulheres pós-menopausa, por período de até seis meses, desde que respeitadas as contra-indicações à administração de terapia hormonal; essas mulheres têm maior benefício se gozassem de vida sexual com escores satisfatórios no período pré-menopausa, pois daí, efetivamente, se verifica um restauro da vida sexual de qualidade;

3-  Há evidências de efeitos do uso de testosterona em diversos sistemas do organismo, inclusive mecanismos neurobiológicos, logo sua prescrição deve ser extremamente cuidadosa e requer vigilância e acompanhamento multidisciplinar periódico.

 

Créditos: Febrasgo

Por Dra. Mayka Volpato dos Santos Vello (@clinicafeminasp)